A Internet conecta dispositivos e pessoas. Desde o início ela foi pensada com esse objetivo, mas nem seus projetistas mais ambiciosos estimaram o impacto e a penetração que ela teria na sociedade. Hoje o Brasil tem milhões de usuários que tem não somente suas comunicações feitas pela Internet, mas registram todo o seu dia a dia em dispositivos eletrônicos. Essa quantidade massiva de dados transitando na Internet criou uma grande necessidade de se proteger todas essas informações.

É difícil compreender, se não impossível, o tamanho e complexidade da Internet e toda a infraestrutura auxiliar que – com suas LANs, VLANs, backbones, pontos de trocas, provedores, datacenters, servidores, cabos submarinos, etc. – viabiliza o funcionamento, responsividade, estabilidade e resiliência. Com tantas partes é muito complexo exercer um controle de segurança eficiente à estrutura da Internet, esse é um dos grandes desafios de gestão da web atualmente. A Internet nasceu com uma proposta muito interessante, criar uma rede que conseguisse conectar todo o mundo a partir de organizações dispersas e descentralizadas. A descentralização pode parecer antagônica ao conceito de segurança que foi construído no senso comum, de que é necessário um órgão central como a Polícia para proteger algo. É compreensível a descrença no modelo de gestão adotado na Internet. E sabemos que ela cresceu e evoluiu muito, partimos de uma rede muito insegura e com poucas conexões, até o dia de hoje em que todo o sistema bancário transita por ela junto com a conexão de bilhões de usuários.

O sistema de gestão da Internet funciona, pois ele permite manter a independência de todas as partes envolvidas e ao mesmo tempo construir o acordo. Acredito que o que nos trouxe até o desenvolvimento de hoje se deve ao fato de que nos primórdios da Internet os sistemas para crescerem precisavam ser padronizados. E essa padronização precisava ser feita unindo organizações de diversas jurisdições, diversos interesses e poderes econômicos. Para que esse encontro ocorresse era necessário um espaço aberto e que os seus resultados fossem abertos a comunidade e gratuitos. Seguindo o princípio de espaços abertos ao público e com resultados disponíveis gratuitamente nasceu o IETF que é essencial para o funcionamento da Internet.

O modelo multissetorial também reúne grupos interessados no progresso da Internet, pessoas de áreas técnicas, da organização pública, de organizações privadas que se sentam e, sempre a partir do diálogo, são capazes de viabilizar esse grande projeto que é a Internet. O Fórum da Internet no Brasil e o Internet Governance Forum são esses espaços.